Dia do Refugiado: conheça a história do hairstylist Ayham Arabi

É ao som de secadores, e não de bombardeios, que Ayham Arabi trabalha atualmente. Autodidata, o sírio de 28 anos iniciou a prática de cortar cabelos aos 13 para ajudar a família e nunca mais parou. Hoje, além da tão sonhada paz, o radicado no Brasil há uma década alcançou o status de lançador de tendências no Grupo Helio Diff.

Ayham deixou a terra natal em um dos anos mais sangrentos da guerra civil que acomete a região — em 2014, 76 mil vidas foram perdidas no conflito, segundo a ONG britânica Observatório Sírio de Direitos Humanos. “Cheguei ao Brasil por incentivo de uma tia, sem falar uma palavra em português, para escapar do alistamento militar obrigatório no meu país de origem”, rememora o cabeleireiro, elencando a dificuldade de comunicação e a saudade da família como os principais desafios da mudança de endereço. “Não me via no exército. Queria crescer profissionalmente na minha área de atuação, a beleza”, incrementa.

A duração planejada para a viagem era de cinco anos. “Prazo para a participação no exército não ser mais obrigatória, mediante ao pagamento de uma taxa alta”, elucida o hairstylist, atualmente fluente em português e apaixonado pelo Brasil.

O acolhimento dos brasileiros e as oportunidades de trabalho encontradas em Brasília o fizeram não apenas permanecer como trazer, ao pouquinhos, os parentes ao País. “Primeiramente, consegui trazer um primo e o meu irmão. Em 2021, o resto da família veio”, conta, emocionado, o expert em corte e coloração.

A saudade do país de origem é amenizada em viagens para outras regiões do Oriente Médio, como os Emirados Árabes Unidos. Já o dom para elevar a autoestima feminina é exercido com amor e dedicação. Não à toa, entre os 280 profissionais do Helio Diff, Ayham está entre os top 10 em faturamento, o que o transforma em um farol ainda mais reluzente para os 120 milhões de refugiados da atualidade, de acordo com dados recentes da Organização das Nações Unidas (ONU).